Cansei.
terça-feira, 1 de janeiro de 2013 (0)

Cansei. Cansei de ficar encarando o telefone que não toca, o chat que ninguém chama, a campainha que não toca nem chama. A partir de agora quem vai ligar sou eu, quem vai chamar no chat quando quiser conversar sou eu, quem vai tocar campainhas sou eu. Cansei de ficar sentada esperando a vida acontecer. Sou impaciente, se ela demora a acontecer por si própria, eu farei ela acontecer.


Do que você tem medo?
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012 (0)

Mais uma noite mal dormida, mais uma vez que passo mal só de pensar em notas, boletim e provas. Mais um fim de ano corrido. Mas não me chamem de burra por deixar tudo de última hora... eu até quero estudar, mas não fui feita para isso, quando algo não me interessa é difícil de entrar na cabeça e não acredito que seja culpada por isso, afinal ninguém julga um psicólogo por não ter o mesmo conhecimento que o engenheiro tem, são múltiplas inteligencias, eu sei que tem toda a discussão sobre "como vou saber o que gosto se não tive contato" mas eu não tenho contato, eu sou obrigada a ter contato, e se eu não aprender sou uma perdedora, ignorante, preguiçosa ou qualquer outra desculpa. "Por que se fulano pode aprender tu também pode", não EU não posso! Eu não quero! Isso não me interessa, e quando me interessar eu vou procurar por isso. Do que você tem medo? De não ter emprego? De ser pobre? De ser julgado? Isso pode acontecer com todos, independente dos diplomas e escolhas profissionais, teve uma coisa que meu pai me ensinou quando pequena, eu perguntava para ele "mas pai esse emprego da dinheiro?" Ele me respondia, se tu se dedicar a ele e for bom naquilo tudo da dinheiro. Assim como toda doença que não se trata pode matar, é tudo uma simples questão de ação e reação. E não me entenda mal eu não estou dizendo que você não trabalha o suficiente e por isso não é rico, existem oportunidades também, que eu acredito que façam parte da ação e reação, o nosso destino é feito de escolhas. Então acho que a pergunta do dia é, do que você tem medo?


Pedras e Flores
sábado, 15 de dezembro de 2012 (0)

As pessoas são muito reativas: costumam retribuir exatamente aquilo que recebem. Retribuem o bem com o bem, e o mal com o mal. Mas tu, para seres imensamente feliz, procederás diferente:

Retribua com flores a todas as pedras que te atirarem.

Haverá um momento em que as pedras de teus inimigos acabarão, e assim eles só poderão atirar em você as próprias flores que receberam de ti.

Augusto Branco


Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012 (0)

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e a dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz.

E aceitando as negociações de paz, aceita ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e a ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber. Vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente se senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti